Outubro, mês em que dedicamos o dia 12, a N.Sra. Aparecida , Oxum no Candomblé, genitora por excelência, ligada particularmente à procriação. Deusa das águas doces reina sobre os rios, também divindade do ouro e dos metais amarelos. Vaidosa, foi a segunda esposa de Xangô, tendo vivido anteriormente com Ogun, Orunmilaiá ,Odé Oxossi. Maternal, carinhosa e muito apegada às crianças, amante da beleza e do adorno. Por este amor de Oxum as crianças e ao seu elo com a maternidade, será assunto desta postagem, os orixás crianças, chamados de Ibeji.
Ibeji é o Orixá-Criança, em realidade, duas divindades gêmeas infantis, ligadas a todos os orixás e seres humanos. Divide-se em masculino e feminino, protegem os que ao nascer perderam algum irmão (gêmeo), ou tiveram problemas de parto.
Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc. No ALTO CANDOMBLÉ são cultuados como Xangô e/ou Oxum crianças. Os IBEJIS são saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados a ela, também recebem oferendas.
Na África, as crianças representam a certeza da continuidade, por isso os pais consideram seus filhos sua maior riqueza. Preocupar-se com os sustento das crianças é frequente entre os povos negros, haja a vista a miséria das cidades africanas e a situação do negro na escravidão e na diáspora.
Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o Orixá Erê, ou seja, o Orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência está ligada a infância. Eles indicam a contradição, os opostos que caminham juntos a dualidade de todo o ser humano, mostrando que todas as coisas, em todas as circunstâncias, tem dois lados e que a justiça só pode ser feita se as duas medidas forem pesadas, se os dois lados forem ouvidos.
Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exú, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo. Na África, os IBEJIS são indispensáveis em todos os cultos. Merecem o mesmo respeito dispensado a qualquer Orixá, sendo cultuados no dia-a-dia. Eles não exigem grandes coisas, seus pedidos são sempre modestos; o que espera como, todos os Orixás, é serem lembrados e cultuados.
O poder dos IBEJIS jamais pode ser negligenciado, pois o que um orixá faz os IBEJIS podem desfazer, mas o que os IBEJIS fazem nenhum outro ORIXÁ desfaz. E mais: eles se consideram os donos da verdade. É o Orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebê até à adolescência, independentemente do Orixá que a criança carrega.
Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro; uma criança pode-nos mostrar o seu sorriso, a sua alegria, a sua felicidade, o seu falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores.
A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, Ibeji já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.
A lenda e a história de Ibeji, é revivida a cada momento feliz de uma criança. Ao menos para manter vivo este importante Orixá, procure dar felicidade a uma criança. Transmita esta felicidade, contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji, feliz!
Reconhecemos os filhos de Ibeji ao vermos pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequentes; nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhões, sorridentes, irrequietos – tudo, enfim, o que se possa associar ao comportamento típico infantil.
Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem revelar-se teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, a sua leveza perante a vida revela-se no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, a sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.
Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e uma certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em seu torno a princípios simplistas como “gosta de mim – não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com alguma facilidade.
Ao mesmo tempo, as suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças, em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das atividades desportivas, sociais e das festas.
Portanto, caro leitor, neste dia dedicado a Oxum e as crianças, é um momento bem propício para fazermos as crianças sorrirem, não só com a dádiva de um presente físico, mas também de refletirmos no sentido de lhes proporcionar um futuro promissor, repensando nossas atitudes em relação ao meio ambiente no intuito de preservá-lo, ou mesmo de sorrir para elas ou provocar que um sorriso brote de suas faces. Libere o Ibeji que está em você, seja feliz fazendo seu semelhante feliz! A Paz de Olorum com todos! Até a próxima postagem!
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