O
Brasil é o país do futuro! Afirmava a maioria dos brasileiros nas
décadas de 60 e 70. Tínhamos tudo para realizar a profecia: Uma
população enorme, jovem e criativa; um sistema educacional de
qualidade; muita terra produtiva adequada à agricultura e pecuária;
Água, minerais e biodiversidade abundantes; Uma industrialização
precoce (comparada à da China e Índia); Infraestrutura bastante
decente para um país terceiro-mundista. A cada ano, todos ficavam
cheios de otimismo e expectativa, mas o Brasil continuava
decepcionando um governo após o outro, seja pela inflação
galopante ou pela restrição às liberdades civis.
É
notório que profundas mudanças estão ocorrendo no país e,
principalmente, na mentalidade das pessoas. Então, depois de quase
40 anos de promessas, teria o Brasil realmente amadurecido e
convertido o sonho em realidade? Há ainda muito trabalho a ser
feito. Inflação controlada, política econômica racional, ascensão
da classe média e a explosão do mercado de commodities, estimulado
pelo crescimento da China, têm colocado o Brasil nos holofotes do
mundo, e ao mesmo tempo, mascarado os problemas estruturais. Sérias
reformas terão que ser feitas para que nos orgulhemos de estar no
time de países com chances de ser desenvolvidos, como Chile, Coreia
do Sul e até mesmo China. Caso contrário, nosso destino poderá ser
o mesmo da Venezuela, Rússia ou Grécia, que fizeram bonito um dia,
mas deixaram a oportunidade escapar por entre os dedos.
Na
nossa bandeira está escrito: Ordem e Progresso. Contanto,
presenciamos um momento de total desordem e um progresso a perder de
vista, sendo necessárias reformas para destravar o crescimento do
Brasil e deixá-lo em ponto de bala para realmente prosperar e
chegarmos ao tão alvejado futuro cantado em verso e prosa.
Olhando
o campo da Educação, no ensino fundamental, o nosso nível de
conhecimento de ciências, matemática e português é um dos mais
baixos do mundo. No recente teste Pisa aplicado pela OCDE, o Brasil
aparece em quinquagésimo terceiro lugar. Os estudantes de Xangai
foram os primeiros. Em termos de ensino superior, o Brasil forma hoje
muito mais jovens que antigamente. Incrivelmente, mais advogados saem
de nossas universidades que em todos os EUA. E mais médicos que em
toda a Europa Ocidental. Embora quantitativamente tenhamos tido
progresso, percebo que a qualidade do ensino caiu vertiginosamente.
Temos
universidades deterioradas pela incompetência e ideologia
equivocada. A maioria dos professores que temos, mesmo os doutores,
são acomodados e são contra a iniciativa privada. Estão
ultrapassados pela velocidade da informação na era da internet e do
capitalismo. Por se sentirem ameaçados, lutam para continuar com o
modelo arcaico vigente, prejudicando milhares de estudantes todos os
anos. Temos gente competente, mas muitos precisam ir ao exterior para
brilhar. Há algo errado no sistema e basta dar um pequeno giro em
universidades dos EUA, Chile, Cingapura ou China para vermos o quanto
perdemos o bonde em termos de qualidade de ensino e pesquisa.
Dinheiro só não resolverá o problema, é preciso uma mudança de
mentalidade rumo à meritocracia e a aceitação da iniciativa
privada para financiar projetos importantes. Caso isso não aconteça
urgentemente, o Brasil não terá talentos suficientes para gerir o
país a partir de 2030 e aí teremos desperdiçado uma geração
inteira de jovens talentos.
Nós
brasileiros, ainda sofremos de um complexo de inferioridade e falta
de visão em relação ao futuro. Alimentados por referências de
políticos incompetentes e muita corrupção no setor público e
privado, a convenção vigente é que devemos pensar a curto prazo.
Aeroportos são feitos para durar e suprir a demanda por cinco anos e
não 50! As estradas duram apenas um ano, pois assim reparos de
emergência alimentados por interesses escusos podem prosperar no
negócio da “manutenção”.
Não
há incentivos e nenhum plano de longo prazo para reverter a saída
de cérebros para empresas privadas e universidades em outros lugares
do mundo, como se passou nas décadas de 80 e 90. Nossos maiores
cientistas estão fora do Brasil. Querem voltar, mas ainda é
dificílimo fazer ciência de qualidade no Brasil.
Se
essa mentalidade superficial e colonial persistir, perderemos a
oportunidade novamente. Precisamos de um líder para mostrar o
caminho de como se fazer muito com pouco, e mudar a mentalidade da
classe política e empresarial. Mesmo assim, qualquer trabalho nesse
sentido demorará uma geração para chegar a um nível aceitável,
como ocorreu na China, Chile ou Cingapura. Infelizmente, não há
como fazer milagres.
É
estarrecedor que um país emergente pague 36% do seu Produto Interno
Bruto em impostos. O que dá vazão a pensarmos que deve ter algo
bastante desafinado na máquina pública. Aqui, a produção é
taxada, não o consumo. Não é possível companhias multinacionais
serem geradas aqui organicamente em setores de alta tecnologia e
valor agregado. Um Google, com alcance mundial, não seria possível
em solo nacional, seja por falta de mão de obra qualificada ou
porque teríamos custos proibitivos. Hoje, contratar engenheiros de
software no Canadá e no miolo dos EUA, com mais experiência, é
mais barato do que contratá-lo em São Paulo, devido aos impostos
que incidem sobre a folha de pagamento, que podem chegar a 80%, 100%
do salário. Então, alguém que ganha R$ 10 mil custaria R$ 20 mil
para a empresa. Isso são US$ 12 mil ao mês. Concluímos, caro
leitor, que impostos altos mascaram e financiam a incompetência de
nossos administradores e a passividade do povo.
O
nosso Sistema jurídico? Um misto de caos, plutocracia e
subjetividade. Pergunte a qualquer homem de negócios para lhe contar
histórias de horror relativas ao sistema jurídico. Geralmente, elas
findam com uma dose de corrupção. Criminosos confessos fora da
cadeia e processos que demoram 20 anos não ajudam a saciar a
sensação de impunidade. E isso está custando caro ao país.
Não
é falta de leis, o Brasil tem algumas das melhores do mundo. O
problema é o cumprimento delas e o draconiano sistema de recursos de
advogados bem pagos que exploram as fraquezas do sistema. Está na
hora de sermos mais eficientes. E temos urgência.
E
para terminar, claro, vale dizer que tudo isso só acontecerá depois
de uma reforma no sistema político. Precisamos de melhores líderes,
compromissados com o país. Estamos cansados de falsas promessas, de
esperamos por esse tão falado futuro e com a vinda dele, a melhora
de vida de uma população cada dia mais oprimida, que sofre com a
falta de condições mínimas de vida. Chega de tanta impunidade e
inércia por parte dos nossos governantes. Vamos reivindicar nossos
direitos, sermos respeitados como pessoas e, acima de tudo, como
cidadãos.
Caro
leitor, promessas de melhora não levam ao progresso, mas sim,
atitude e consciência!
A
Paz de Olorum sempre na nossa trajetória de vida! Até a próxima
postagem!