“Como será amanhã?
Responda quem puder
O que irá me acontecer?
O meu destino será
Como Deus quiser …
O Amanhã - João Sérgio”
Desejamos antever os acontecimentos que estão por vir, para nos precavermos das consequências que estes possam causar em nossas vidas.
Há pessoas que concebem o destino como algo relacionado as “forças ocultas”, que podem ser as forças da natureza, ou algum ser sobre humano. Outros, acreditam ser o destino algo traçado, determinado que acompanha a vida de pessoas ou de grupos inteiros. Nas duas vertentes, o destino é visto como um fim, ou uma força exterior, que em algumas vezes funde a experiência com o sagrado. Como exemplo, temos o entendimento da morte pela maioria das pessoas. Para o Candomblé a vida é sempre uma continuidade, é algo que não há fim. Continuamos na família, na natureza, no grupo ao qual pertencemos, nas crianças e no saber ancestral. Continuamos porque fomos concebidos não para estar no mundo, mas sermos mundo. Daí a ideia de que tudo que há no “mundo visível” existe no “mundo invisível.” Ou seja, aquilo que os nossos olhos alcançam ou aquilo que os sentidos nos informam não termina naquilo que vemos ou no que sentimos.
Na concepção brasileira, o destino liga-se diretamente a questão ética/moral, aqui utilizada como sinônimo. Inexistindo a noção de predestinação, conceito emprestado por algumas culturas, mas de difícil compreensão para os ocidentais que veem o mundo de forma fragmentada, não há lugar para se pensar o destino como um fim. Isso não significa que esta preocupação esteja ausente.
A noção de destino pode ser traduzida como possibilidades. Por isso que inicialmente estabelecemos uma relação entre este conceito e as questões éticas/morais. O ato moral é imprevisível, ele apenas só pode ser julgado depois que aconteceu. O seu acontecimento, todavia não implica numa repetição, mesmo se pudéssemos expor o individuo às mesmas condições que lhe originou. O ser humano é imprevisível. Isso vale também para o mundo da natureza. Quando falamos em destino estamos nos referindo a caminhos, possibilidades, não do outro, mas das próprias possibilidades. A experiência do destino é algo individual. E se prestarmos mais atenção estamos nos deparando com o ele o tempo todo. Quando não acertamos, quando agimos sem levarmos em consideração o nosso destino, as minhas possibilidades, quando não conhecemos os nossos caminhos, ou se conhecemos o ignoramos.
Segundo literaturas, conta-se que após os corpos serem modelados da terra, Ajalá, o incansável oleiro que molda os seres vivos no sentido bem amplo da palavra, atribui aleatoriamente a cada ser uma cabeça. Para estes grupos a cabeça é a síntese do destino. Daí o culto a cabeça pelas religiões de matriz africana. Cabeça que é o tempo todo “enfeitada”, ornada, adorada, através do culto a Olori, literalmente o Senhor da cabeça. Isso porque ori significa o corpo todo. Toda a vida, as possibilidades, os caminhos trazidos por cada individuo. Caminho que não pode ser mudado porque é individual e particular, mas pode ser dirigível, orientado. Esse culto a cabeça é tão importante que em algumas comunidades terreiros não se aceita “enfeites”, modificações, “coisas que estão na moda” e que nos últimos anos vem atingindo vertiginosamente o culto aos ancestrais. Chega-se a afirmar veemente que a cabeça antecede aos próprios orixás. Concepção talvez tirada da observação do feto que se desenvolve dentro da bolsa de água. De fato, é como se tudo se formasse a partir da cabeça. Assim, o “sistema adivinhatório” coloca o individuo diante de suas possibilidades. Nesse sentido, o individuo confronta-se com os seus caminhos e a partir dali cabe a ele tomar consciência que as respostas dadas ou as saídas buscadas devem ser compreendidas a partir desses caminhos. Se agirmos conscientes do nosso destino, de nossas possibilidades, de caminhos que se abrem e se fecham o tempo todo, encontraremos sempre uma saída. Este conhecimento pode ser fornecido através das técnicas divinatórias, mas a decisão sobre qual caminho devemos percorrer sempre é uma escolha individual, afinal, como chama a atenção o provérbio: “cada cabeça é um mundo.” Conhecer estes caminhos para enfrentá-los, tornar-se assim o maior desafio, pois deste conhecimento depende a permanência de nossas vidas no mundo da vida. Se estivermos sempre atentos a ele, com certeza a morte não nos levará duas vezes.
Chama-se de Odus os presságios, os destinos, a predestinação. Os odus são inteligências siderais que participaram da criação do universo; cada pessoa traz um odu de origem e cada orixá é governado por um ou mais odus. Cada odu possui um nome e características próprias e divide-se em "caminhos" denominados "ese" onde está atado a um sem-número de mitos conhecidos como Itàn Ifá. Os odus são os principais responsáveis pelos destinos dos homens e do mundo que os cerca. Os Orixás não mudam o destino da vida e sim executam suas funções dentro da natureza liberando energia para que todos possam dela se alimentar, o odu é o caminho, a existência do destino o qual o Orixá e todos os seres estão inseridos.
Cada pessoa pode ir de encontro ou seguir um caminho alheio ao destino estabelecido, isso nós dizemos que a mesma está com o odu negativo, ou seja: seu destino sua conduta foge as regras siderais (seguiu um caminho negativo dentro do estabelecido). Nós quando nascemos, somos regidos por um odu de ori (cabeça), que representa nosso "eu" assim como odu de destino, etc.
O destino das pessoas e tudo o que existe podem ser desvendados por meio da consulta a Ifá, o oráculo, que se manifesta pelo jogo. Ifá tem seu culto específico e o mais alto cargo do culto de Ifá é o de Oluwô, título concebido a alguns Babalaôs. Ifá é o Orixá da adivinhação e para tudo e deve ser consultado. Existem alguns tipos de jogo: o de Opelé Ifá, o rosário de Ifá, o jogo de búzios, etc. No jogo de búzios (Erindilogun) quem fala é Exu. São dezesseis búzios que podem ser jogados também pelos Babalorixás e Ialorixás.
A consulta a Ifá é uma atividade exclusivamente masculina, mas as mulheres passaram a poder pegar nos búzios porque Oxum fez um trato com Exú, conseguindo dele permissão para jogar. O jogo de Opelé Ifá baseia-se num sistema matemático, em que se estabelece 256 combinações resultantes dos 16 odus usados no jogo de búzios multiplicado por 16. Nada se faz sem que antes se consulte o oráculo, quanto mais séria a questão a ser resolvida, maior a responsabilidade da pessoa que faz o jogo.
Todo mundo deseja ter sucesso naquilo que faz, mas seu sucesso depende principalmente na quantia de autorização que recebeu das altas divindades antes da vinda para a terra.
Só os pais são capazes de descobrir a tempo o tipo de criança que eles têm, eles podem iniciar suficientemente cedo a tarefa para o preparo dos pés da criança no caminho certo do seu destino.
Um aspecto muito importante do destino de uma pessoa é a divindade dominante de sua vida. Como indicado anteriormente, antepassados dos homens vieram a este mundo sob a liderança de uma ou outra divindade. É a alguém que veio sob a Orientação de Orunmilá que será requerido que seja bem sucedido servindo Orunmilá no mundo. O mesmo é verdade para todas as demais divindades como Ogum, Xangô, Olokún, Ya, etc. Do mesmo modo, é a pessoa que veio sob a Orientação de Orixá N'la (Orixala) (representação personificada de Deus) que irá prosperar seguindo o caminho da religião moderna. A tragédia da existência do homem é que quando um seguidor de uma divindade observa os seguidores de outras divindades, felizes e contentes em sua própria facção, ele acredita que ele seria igualmente bem sucedido, abandonando os serviços de sua própria divindade pelo serviço de outra. Há pessoas que ou caem da frigideira para o fogo ou passam através da vida como se estivessem envolvidos em uma busca sem fim por um porto seguro. Tais pessoas devem ir a algum tipo de oráculo. Eles têm a função e autorização para descobrir suas divindades Orientadoras. Tão logo isto seja desvendado, uma proporção considerável do tamanho de seus problemas terá sido resolvida.
Logo, meu caro leitor internauta, temos uma trajetória previamente traçada a seguir na Terra e esta é regida por uma determinada Entidade. Esta, se bem orientada e dirigida será fadada ao sucesso, mesmo que com o por vir ainda obscuro para o indivíduo. Busque, portanto, tais coordenadas para uma existência feliz!
“tem essa mágica
o dia nasce todo dia
resta uma dúvida
o sol só vem de vez em quando
o certo é incerto,
o incerto é uma estrada reta
de vez em quando acerto
depois tropeço no meio da linha – Pseudo Blues - Jorge Salomão”
A Paz de Olorum , regente de todos os DESTINOS, com todos! Até a próxima postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário