Falar sobre Iansã é para mim, antes de tudo um prazer pois ela é a dona da minha vida , senhora do meu destino. Manifestou-se em mim, aos cinco nos de idade , durante uma procissão em homenagem a Santa Bárbara e minha mãe, que me levou ao evento, pensou que eu estava passando mal. Os anos se passaram e desde que me dediquei ao culto do Candomblé a tenho como regente de minha cabeça. Bem dita sempre seja Ela e que a mesma nos proteja e guie nossos caminhos! Epa hey, Iansã!
O Níger, o maior e mais importante rio da Nigéria, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes assim tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa espalhar. Nele habita mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).
Mesmo sendo saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o fogo. Indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná.
A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias. Guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, na guerra e no amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na do mesmo jeito que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Assim, passou a identificar-se muito mais com todas as atividades masculinas, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento. Isso não a afasta das características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente; ela é extremamente feminina e o seu número de paixões mostra a forte atração que sente pelo sexo oposto. Iansã (Oyá) teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores, conquistou grandes poderes e tornou-se orixá.
Tornou-se mulher de quase todos os orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Porém, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.
Algumas passagens da história de Iansã relacionam-na com antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a menção aos chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade, surgem sempre nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi capaz de transforma-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça.
Oyá é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para o seu cotidiano, não tem medo do batente: luta e vence.
Para nós, os filhos de Iansã (Oyá), viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida são nossos prazeres , tudo é festa. Escolhemos nossos caminhos mais por paixão do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vamos à luta e conquistamos o que desejamos, tal qual nossa mãe.
Somos atirados, extrovertidos e diretos, que jamais escondemos nossos sentimentos, seja de felicidade ou de tristeza. Entregamo-nos a súbitas paixões e ... de repente esquecemos, partimos para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, somos extremamente fiéis à pessoa que amamos, mas só enquanto amamos.
Tendemos a ser autoritários e possessivos; o nosso gênio muda repentinamente sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas. Os relacionamentos longos só acontecem quando controlamos os nossos impulsos, aí, somos capazes de viver para o resto da vida ao lado da mesma pessoa, que deve permitir que nos tornemos os senhores da situação.
Em suma, nosso arquétipo é de pessoas audaciosas, poderosas e autoritárias, pessoas que podem ser fieis, de uma lealdade absoluta em certas circunstancias, mas que em noutros momentos, quando contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se levar pelas manifestações da mais extrema raiva. Pessoas, enfim, cujos temperamentos sensual e voluptuosos podem levá-las a aventuras amorosas extra conjugais, múltiplas e frequente, sem reservas de decência, mas que não as impedem de continuarem muito ciumentas com seus parceiros por elas mesma enganados. Diria que … apaixonantes! (Risos!)
A festejaremos no dia 04 de dezembro, enaltecendo suas cores: Castanho Coral, Vermelho, Rosa , sendo seu dia da semana a quarta-feira, no sincretismo é personalizada como Santa Bárbara. Louvada seja Ela, senhora dos raios e tempestades, rainha das paixões, dona do meu coração e da minha cabeça! Epa Hey!
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