Dentro de pouco tempo entraremos na estação 'mais alegre do ano': o Verão! E com a chegada dela (a estação) também o período de férias, viagens de lazer e a busca por lugares próximos ao litoral, muito sol, belas praias e corpos a mostra. Muita sensualidade nas danças e músicas que divertem a muitos. Inventam-se passos novos para uma nova dança , maneira diferente de expressar a alegria que já faz parte da alma do povo do Norte e Nordeste do Brasil. Esta já conhecida e reconhecida até no exterior, onde já é denotada o nosso jeito de ser e a nossa hospitalidade que conquista corações ao redor do mundo.
'Black is beautiful!' nestas terras de cabelo' Black power ', trançados, frisados, agora até multicores, valorizando a beleza natural do sangue e da cultura afro-brasileira. Faço esta 'ambientação' para falar da receptividade e alegria com que o povo do Norte e Nordeste do Brasil, recebe a quem os visita, independente de origem, cor , sexo ou credo. Sem falar no notável progresso que se alcançou nos últimos anos em vários campos como o da música, da agricultura e do comércio. Não somos mais só um povo de pouca cultura que com os pés rachados pelo clima seco, batemos a porta dos nossos irmãos sulistas, a procura de uma oportunidade de trabalho para aplacarmos a fome e a miséria do nosso local de origem. Assim como cedemos mão de obra para a construção civil dentre outras tantas ocupações braçais, também fornecemos, 'caetanos e bethânias' para compor nosso cenário musical, doutores e doutoras para hospitais, casas jurídicas e outras profissões que exigem que se tenha o nível superior para que sejam exercidas. Estamos deixando de ser “o Zé da colher de pedreiro” ou a “Maria da cozinha” para nos tornarmos os profissionais de outras esferas que envolvem conhecimento, estudo e intelectualidade. Então porquê ainda somos vistos com descriminação pelos nossos irmãos sulistas?
A conta disso, nos chamam por nomes jocosos como 'paraíbas', 'pau-de-arara' dentre tantas outras expressões depreciativas, que degradam a figura do nordestino no cenário nacional, rotulando-o como o 'eterno Zeca tatu' , o matuto ignorante e sem teto, o fugitivo das terras secas.
Sim...já fomos assim, ou devo dizer … não somos mais assim. O passar do tempo nos trouxe cultura, nos tornamos polo de investimento e de lazer, mostramos o nosso valor até nas passarelas ou não se reconhece beleza da nossa modelo 'Adriana Lima'?
Nossa querida e idolatrada Bahia, por tantas vezes descrita tão belissimamente por Jorge Amado, representada por Caribé, cantada por poetas como João Gilberto e Gilberto Gil, ser considerada simplesmente como a 'terra da preguiça' e da vagareza. Se assim fosse, meus conterrâneos ainda estariam atuando unicamente nas lavouras e pastos. As minhas conterrâneas seriam tão somente vendedoras de quitutes nas ruas ou lavadeiras 'de ganho'. Enquanto que despontamos como exportadores de cacau e de soja dentre tantos outros produtos que trazem divisas ao Brasil. Então, irmãos sulistas, tais fatos seriam exemplos do que vocês chamam de 'baianada'? Creio que seja a hora de reconsiderar este estigma a nós imposto de povo preguiçoso, lento e de pouca massa encefálica. Digo , com orgulho, que somos um povo em desenvolvimento. Sei que ainda temos muito a aprender, mas também tenho a certeza que chegaremos lá!
Contudo, deixo aqui o meu convite para que você, sulista nos visite para que nos conheça de perto e a nossa terra. Prove da nossa hospitalidade e da nossa culinária. Dance ao som da nossa música e desfrute de nossas praias. Mas que também vá aos nossos museus e fundações culturais. E que voltem para suas terras satisfeitos, com saudade do que viram e vivenciaram e talvez assim pensem duas vezes antes de tratar com diferencialmente, de maneira negativa a um irmão nordestino. Mas, eu presumo que se ainda assim o fizer, ele, com a alma nobre que geralmente tem, lhe retribuirá com um sorriso e lhe abrirá os braços, assim como fez o Cristo na sua passagem pela Terra! Sigamos com Olorum a nossa frente! Grande abraço!
Parabéns pela postagem!
ResponderExcluirPaulinho.
Caro amigo Alyrio, preconceito, como o próprio nome diz, é um conceito pre-concebido sobre alguma coisa, sendo normalmente desprovido se alguma analise racional e/ou científica. Assim sendo, particularmente atribuo esse triste cancer social à total ignorância (entenda ignorância no seu sentido denotativo) que domina grande parte da sociedade brasileira.
ResponderExcluirComo a melhor maneira de combater a ignorancia é a informação, seguem algumas considerações: o processo migratório de populações oriundas do nordeste do brasil, em especial para o sudeste, tem como principal origem a estagnação econômica, condições climáticas e prosperidade econômica de outras regiões do Brasil. Principalmente a partir de 1950, a região sudeste, principalmente São Paulo, passava por um grande processo de desenvolvimento econômico-industrial, já que contava com um acumulo de recursos financeiros do setor cafeeiro desde o século XIX e aumentou com a política protecionista e de substituição de importações do governo federal, o que propiciou esse afortunado ciclo de desenvolvimento para essa região. Diferente do nordeste brasileiro que ainda sustentava antigas características como uma economia estagnada, agricultura atrasadas e sem recursos e pouco diversificada, grandes latifundiários de terra, concentração de renda e uma indústria em estado infantil; além da desvantagem climática que assolava (ainda assola) grandes regiões com grandes secas. Essas características das duas regiões acentuavam as desigualdades regionais e criaram um cenário propício à migração nordestina. Esses processo, como acabei de dizer, meu caro Alyrio, nada tem a ver com capacidade intelectual ou padrões comportamentais do povo do nordeste.
Espero ter contribuído de alguma forma com suas palavras iniciais na tentativa de abrir os olhos de quem ler. Grande abraço!