Eles
eram os senhores das 'Terras Bazilis'. Sempre viveram em bandos, com
suas próprias regras e leis que regiam sua convivência e a
coesistência harmônica com a natureza, numa perfeita simbiose na
qual a terra mãe dáva-lhes o sustento e eles cuidavam dela como
filhos abnegados e respeitosos. Da caça e da pesca e até mesmo da
agricultura, vinham seus alimentos e até mesmo as suas sumárias e
coloridas vestes e utensílios domésticos. Exemplo de par perfeito:
homem e natureza seguiam felizes em terras tropicais, cenário
harmonioso de bela fotografia até o dia 22 de Abril de 1500, quando
o homem branco, vindo de terras européias, aqui chegou , tomou posse
e se estabeleceu, subjulgando os até então donos do lugar,
tomando-lhes a liberdade de viver da maneira como quisessem e ainda
querendo impor a eles, 'reis do local', o trabalho escravo.
'Todo
dia era dia de índio, mas agora eles só têm o 19 de abril',
recitava Baby Consuelo na canção de Jorge Benjor, 'Curumim chama
cunhatã que eu vou te contar (Todo dia era dia de índio), em meados
da década de 80. Infelizmente, para atualizar os versos da canção,
poderíamos dizer: 'todo dia não é dia de índio, mas agora nem o
19 de abril eles têm!'.
Com
o passar do tempo e com os avanços científicos e tecnológicos é
previsível que as civilizações se desenvolvam e propaguem suas
culturas. Principalmente com o avanço da ideologia da globalização,
em que presenciamos uma 'miscigenação de culturas' e com uma
ciência e conhecimento interdisciplinar, em que as áreas se fundem
e compartilham suas teorias e pesquisas. Assim deveria ser com as
diferentes culturas, a heterogeneidade deve ser preservada.
Esse
avanço seguiu o rumo contrário com a civilização indígena, ao
invés de integrar, separou e vem contribuindo para a devastação de
uma cultura tão sábia e rica como a dos índios.
Ensina-se
nas escolas, de forma fragmentada, que a cultura indígena se resume
ao dia 19 de abril. Basta consultar os livros didáticos que vai se
encontrar a figura de um índio em uma oca ou com vestimentas
estranhas totalmente desconectada com a História do Brasil e ao
olhar dos estudantes.
Em
nome da globalização neoliberal estamos ceifando o futuro indígena.
Atualmente a mídia brasileira e os seguidores das ideologias de
Cabral e Paes colocam os índios como invasores, a religião condena
suas práticas como demoníacas, os governantes estão preocupados
com a (PEC) 215 e na diminuição das terras indígenas.
Não
resta muita saída para os índios na cultura da modernidade. Os
princípios regidos pelo o que estão denominando como avanço é
totalmente contrário a ideologia de vida indígena. No mundo dos
índios não existe espaço para desmatamento, plantação de soja em
larga escala, destruição de aldeias e muito menos construções
megalomaníacas.
A
terra para o povo indígena não é uma mercadoria, não é um
produto de compra e venda. Para os índios a terra é vida, história.
É onde foram enterrados seus ancestrais e para onde um dia
retornarão, ou seja, um referencial apontado pelo destino.
Começamos
o desenvolvimento tirando dos índios o pau-brasil, depois tentamos
tirar deles a liberdade os escravizando, atualmente estamos tirando
suas terras. A maneira mais fácil em destruir uma civilização é
apagando a sua cultura e sua história, isso já começamos a fazer,
o que vêm pela frente... nem precisa ser dito.
A
conscientização dos índios cresce, eles adquirem mais influência
política, se organizam em grupos e associações e estão
articulados em nível nacional, muitos se educam em níveis
acadêmicos e conquistam posições de onde podem melhor defender os
interesses de seus povos, vários simpatizantes de prestígio no
cenário brasileiro e internacional se juntaram espontaneamente a
eles dando-lhes apoios diversificados, e já existem muitas terras
consolidadas, mas muitas outras estão à espera de identificação e
regularização, e outras ameaças, como os problemas ecológicos e
políticas conflitantes, contribuem para piorar o quadro geral,
deixando diversos povos em difíceis condições de sobrevivência.
Para grande número de observadores e autoridades, os avanços
recentes, entre os quais se inclui notável expansão na área de
terras demarcadas e uma taxa ascendente de evolução populacional
após séculos de declínio constante, não estão compensando os
prejuízos para os índios em uma multiplicidade de aspectos
relacionados à questão fundiária, sendo temidos importantes
retrocessos num futuro próximo.
No
Candomblé cultua-se o caboclo, personalizado pelo índio, é o dono
da terra. Na sua maioria são espíritos de índios. Os caboclos de
maior popularidade são: Tupinambá, Tupiniquim, Sete flechas, Pena
Branca, Sultão das Matas, Sete Serras, Serra Negra, Pedra Preta,
Erú, Rompe Mato, Raio do Sol, Rompe Nuvem e outros. Na Bahia os
Candomblés são em maioria caboclos, são um misto de Keto e Angola.
Trata-se
portanto de um exemplo nítido do sincretismo religioso popular no
Brasil.
Registam-se
nele influências indígenas e mestiças, resumindo-se os hinos
especiais de cada encantado ou caboclo, cantados em português, a uma
declaração dos seus poderes sobrenaturais.
Existem
ainda os “Candomblés de Caboclo”, típicos dos cultos trazidos
pelos negros de Angola. Nessas cerimônias, as filhas e os filhos de
santo incorporam não apenas os orixás, mas também os espíritos de
“caboclos”, que seriam entidades de luz da corrente indígena.
Assim
sendo, caro leitor internauta, devemos respeito e admiração a este
povo sofrido, formador da cultura brasileira, que vem perdendo o
espaço que sempre foi seu para o homem branco em nome do progresso.
Acuados suas terras de direito, perdem a cada dia seu espaço
territorial e sua cultura. No Candomblé, recorre-se a eles e a força
que eles representam para ajudar na resolução de problemas e são
cultuados e referenciados com respeito e admiração. Então, porque
não estender este conceito ao nosso cotidiano, valorizando estes
nossos irmãos tão sofridos , verdadeiros 'pais' da terra que
habitamos? Pense nisso... que a forças do Caboclos nos ajudem a
vencer nossas batalhas diárias! Iluminados sejamos nós por nosso
pai Olorum! Até a próxima postagem!
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