segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Todo dia não é dia de índio


 
Eles eram os senhores das 'Terras Bazilis'. Sempre viveram em bandos, com suas próprias regras e leis que regiam sua convivência e a coesistência harmônica com a natureza, numa perfeita simbiose na qual a terra mãe dáva-lhes o sustento e eles cuidavam dela como filhos abnegados e respeitosos. Da caça e da pesca e até mesmo da agricultura, vinham seus alimentos e até mesmo as suas sumárias e coloridas vestes e utensílios domésticos. Exemplo de par perfeito: homem e natureza seguiam felizes em terras tropicais, cenário harmonioso de bela fotografia até o dia 22 de Abril de 1500, quando o homem branco, vindo de terras européias, aqui chegou , tomou posse e se estabeleceu, subjulgando os até então donos do lugar, tomando-lhes a liberdade de viver da maneira como quisessem e ainda querendo impor a eles, 'reis do local', o trabalho escravo.

'Todo dia era dia de índio, mas agora eles só têm o 19 de abril', recitava Baby Consuelo na canção de Jorge Benjor, 'Curumim chama cunhatã que eu vou te contar (Todo dia era dia de índio), em meados da década de 80. Infelizmente, para atualizar os versos da canção, poderíamos dizer: 'todo dia não é dia de índio, mas agora nem o 19 de abril eles têm!'.

Com o passar do tempo e com os avanços científicos e tecnológicos é previsível que as civilizações se desenvolvam e propaguem suas culturas. Principalmente com o avanço da ideologia da globalização, em que presenciamos uma 'miscigenação de culturas' e com uma ciência e conhecimento interdisciplinar, em que as áreas se fundem e compartilham suas teorias e pesquisas. Assim deveria ser com as diferentes culturas, a heterogeneidade deve ser preservada.

Esse avanço seguiu o rumo contrário com a civilização indígena, ao invés de integrar, separou e vem contribuindo para a devastação de uma cultura tão sábia e rica como a dos índios.

Ensina-se nas escolas, de forma fragmentada, que a cultura indígena se resume ao dia 19 de abril. Basta consultar os livros didáticos que vai se encontrar a figura de um índio em uma oca ou com vestimentas estranhas totalmente desconectada com a História do Brasil e ao olhar dos estudantes.

Em nome da globalização neoliberal estamos ceifando o futuro indígena. Atualmente a mídia brasileira e os seguidores das ideologias de Cabral e Paes colocam os índios como invasores, a religião condena suas práticas como demoníacas, os governantes estão preocupados com a (PEC) 215 e na diminuição das terras indígenas.

Não resta muita saída para os índios na cultura da modernidade. Os princípios regidos pelo o que estão denominando como avanço é totalmente contrário a ideologia de vida indígena. No mundo dos índios não existe espaço para desmatamento, plantação de soja em larga escala, destruição de aldeias e muito menos construções megalomaníacas.

A terra para o povo indígena não é uma mercadoria, não é um produto de compra e venda. Para os índios a terra é vida, história. É onde foram enterrados seus ancestrais e para onde um dia retornarão, ou seja, um referencial apontado pelo destino.

Começamos o desenvolvimento tirando dos índios o pau-brasil, depois tentamos tirar deles a liberdade os escravizando, atualmente estamos tirando suas terras. A maneira mais fácil em destruir uma civilização é apagando a sua cultura e sua história, isso já começamos a fazer, o que vêm pela frente... nem precisa ser dito.

A conscientização dos índios cresce, eles adquirem mais influência política, se organizam em grupos e associações e estão articulados em nível nacional, muitos se educam em níveis acadêmicos e conquistam posições de onde podem melhor defender os interesses de seus povos, vários simpatizantes de prestígio no cenário brasileiro e internacional se juntaram espontaneamente a eles dando-lhes apoios diversificados, e já existem muitas terras consolidadas, mas muitas outras estão à espera de identificação e regularização, e outras ameaças, como os problemas ecológicos e políticas conflitantes, contribuem para piorar o quadro geral, deixando diversos povos em difíceis condições de sobrevivência. Para grande número de observadores e autoridades, os avanços recentes, entre os quais se inclui notável expansão na área de terras demarcadas e uma taxa ascendente de evolução populacional após séculos de declínio constante, não estão compensando os prejuízos para os índios em uma multiplicidade de aspectos relacionados à questão fundiária, sendo temidos importantes retrocessos num futuro próximo.

No Candomblé cultua-se o caboclo, personalizado pelo índio, é o dono da terra. Na sua maioria são espíritos de índios. Os caboclos de maior popularidade são: Tupinambá, Tupiniquim, Sete flechas, Pena Branca, Sultão das Matas, Sete Serras, Serra Negra, Pedra Preta, Erú, Rompe Mato, Raio do Sol, Rompe Nuvem e outros. Na Bahia os Candomblés são em maioria caboclos, são um misto de Keto e Angola.

Trata-se portanto de um exemplo nítido do sincretismo religioso popular no Brasil.

Registam-se nele influências indígenas e mestiças, resumindo-se os hinos especiais de cada encantado ou caboclo, cantados em português, a uma declaração dos seus poderes sobrenaturais.

Existem ainda os “Candomblés de Caboclo”, típicos dos cultos trazidos pelos negros de Angola. Nessas cerimônias, as filhas e os filhos de santo incorporam não apenas os orixás, mas também os espíritos de “caboclos”, que seriam entidades de luz da corrente indígena.

Assim sendo, caro leitor internauta, devemos respeito e admiração a este povo sofrido, formador da cultura brasileira, que vem perdendo o espaço que sempre foi seu para o homem branco em nome do progresso. Acuados suas terras de direito, perdem a cada dia seu espaço territorial e sua cultura. No Candomblé, recorre-se a eles e a força que eles representam para ajudar na resolução de problemas e são cultuados e referenciados com respeito e admiração. Então, porque não estender este conceito ao nosso cotidiano, valorizando estes nossos irmãos tão sofridos , verdadeiros 'pais' da terra que habitamos? Pense nisso... que a forças do Caboclos nos ajudem a vencer nossas batalhas diárias! Iluminados sejamos nós por nosso pai Olorum! Até a próxima postagem!

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Quem sou eu

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Pedagogo por formação, terapeuta holístico cuja mediunidade aflorou aos 5 anos de idade e desde então vêm crescendo na sua trajetória de vida voltando-se aos estudos da espiritualidade. Alia a mística e a ciência para ajudar a aqueles que o procuram para auxiliar na transposição de obstáculos que a vida a eles impõe.

Além de terapeuta holístico (registrado na Ordem dos Terapeutas Holísticos do Brasil, sob cadastro OTH015), numerólogo, também é adepto do Candomblé e tem como Orixá Iansã, Deusa dos Raios, a qual é regente da vida dele: “Em Iansã, deposito toda fé e confiança! “ – palavras de Alyryo.

Aqui, ele esclarece sobre aspectos desta Entidade, através de artigo publicado na revista 'A História dos Orixás' páginas 50 a 52(Clique aqui para acessá-las).

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