Segundo
a Wikipédia , Iniciação (do latim initiatio) é um termo que
remete a começo, entrada: iniciar um evento, ação, circunstância
ou acontecimento. Também tem um significado de ascensão de um nível
(abandonado) de existência para um outro nível superior.
A
iniciação também é um tipo de cerimônia em muitas sociedades, na
qual é introduzido um novo membro após alguma tarefa ou ritual
particular. Normalmente o ritual de iniciação envolve a condução
do novato por um veterano do grupo, e costuma consistir na exposição
de novos conhecimentos - inclusive segredos.
Entre
os objetivos de alguns tipos de iniciação, destacam-se o
aprendizado de valores fundamentais para a vida no nível seguinte
(adulto). O iniciado deve aprender a se fortalecer com o isolamento,
sobreviver em condições precárias, estar preparado para as
dificuldades da vida (por exemplo, muitas iniciações exigem que o
iniciado construa a cabana em que ficará isolado durante o ritual),
aprender a caçar, pescar, conhecer a fauna e flora, etc.
Na
nação do candomblé Ketu[1] por exemplo (ver iniciação Ketu), a
iniciação envolve um retiro de no mínimo 21 dias, em que a pessoa
é mantida afastada do que sucede ou se pratica habitualmente,
devendo desligar-se de tudo e dedicar-se totalmente aos rituais. O
processo ainda vai possibilitar o iniciado a raspar a cabeça, fazer
curas (pequenos cortes), assentamento de orixá, com oferecimento de
animais, comida ritual, flores e frutas, chamado de feitura de santo.
Portanto,
ser iniciado no candomblé é dito "fazer a cabeça": ser
preparado para que o Inkice/Orixá passe a habitar no Ori/mutuê
(cabeça) do novo adepto.
Há
pessoas que tem a curiosidade de saber como se 'faz' um membro do
candomblé, como se 'aprende' a ser um 'cuidador de Santo' e como
será sua vida doravante. Para estas pessoas, descreverei, de maneira
sucinta, 'como' se dá a iniciação de um membro do candomblé.
O
ritual começa muito antes do recolhimento, pois o aspirante a
iniciação passa por uma fase conhecida como abiã onde ele prepara
o seu enxoval para a feitura, que consiste em roupas e demais
materiais para o ritual. Prepara também o aqué/zimbo (dinheiro)
para o pagamento do "chão", ou seja, o trabalho que este
ritual implica e a transmissão do axé .
O
noviço passa por vários rituais de limpeza, pelo ritual do bolanã
(representa a morte para o mundo profano e o renascimento para o
mundo sagrado dos Orixás) e depois pelo recolhimento para o roncó
(Quarto Ritual, com acesso somente aos iniciados), onde passará de
07 a 21 dias de iniciação.
Decorrido
os 21 dias acontece a festa do Oruncó (a cerimônia do nome, quando
a Divindade se identifica na presença de todos) da(o) Iaô/Muzenza
(recém iniciado) quando a mesma é apresentada à comunidade de
santo como o mais novo membro. É um momento festivo onde todos usam
as melhores roupas, recebem os membros ilustres de outros terreiros e
demais visitantes.
No
dia seguinte, tem a festa da quitanda de erê/vungi(criança). Nela,
o iniciado sai para o barracão em estado de consciência infantil.
Brinca, come, recebe presentes e tem a quebra das quizilas, ou seja,
momento que o iniciado passa por ritual que consiste em uma
reiniciação ao mundo profano e reaprende a fazer as atividades
diárias e rotineiras. Esta passagem é importante para que não haja
choque entre este e o seu orixá/inkice, uma vez que o iniciado,
daqui por diante passa a viver plenamente em contato com a divindade
e, todas as suas ações podem ter reflexos no seu cotidiano.
O
iniciado então, entra em um período de preceito. São três meses
que ele usa os colares e símbolos do seu santo/orixá/inkice,
veste-se completamente de branco, mantém a cabeça coberta e não
lhe é permitido a prática sexual e muitos outros preceitos lhe são
impostos. Essa fase é uma das mais importantes, pois agora o
iniciado tem a responsabilidade de guardar os seus preceitos e as
responsabilidades para com a casa de santo.
A
"feitura da cabeça" é um ritual de passagem de grande
importância, pois a partir deste o iniciado passará por muitos
outros durante a sua vida de culto, em que galgará direitos e
posições dentro do culto. Porém, esse período, que consiste a
feitura e a guarda dos preceitos, é o principal e que todo iniciado
guarda na memória por toda a vida aqui no aiyè. Será objeto de
histórias que serão contadas aos seus filhos, netos, aos seus
futuros irmãos de santo e quem sabe, filhos de santo.
Cada
pessoa é filho de um determinado orixá/inkice, ou seja, aquela
energia é a linha magnética da sua vida e a feitura vai
proporcionar o equilíbrio do ser humano com a sua energia mais pura
e mais espiritualizada. É o que se chama de santo de cabeça.
Geralmente cada pessoa possui um pai, em primeiro lugar e uma mãe em
segundo ou vice-versa, ou seja, um santo de princípio masculino e
outro de princípio feminino, podendo haver exceções de dois
princípios iguais. A cabeça do filho também é composta por um
séquito de orixás, que compõe toda a sua história e é revelado
através do Oráculo mais conhecido no Brasil, que é o jogo de
búzios, por onde os orixás/inkices falam e dão os seus recados aos
habitantes da Terra.
No
candomblé todos têm o seu santo de cabeça, ou seja a sua energia
primordial, porém, nem todos são obrigados a passar pela iniciação.
Não há como se fugir dessa energia, uma vez que ela é o princípio
vital de todo ser vivo. Logo, caro leitor internauta, é de
competência individual cuidar de seu orixá regente mesmo não
passando pelo ritual de iniciação, mas mostrar devoção e respeito
ao orixá que guia o seu destino, para que este o guarde e o livre de
todo mal.
Axé
a todos vocês e a Luz de Olorum a frente de seus caminhos sempre!
Até a próxima postagem!
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inicia%C3%A7%C3%A3o