Sempre
é bom revermos nossas atitudes, atos e feitos. É uma maneira de
amadurecermos e crescer espiritualmente, olharmos o objeto da ação
com outros olhos, tomarmos outro ponto de observação e avaliarmos o
quanto podemos acrescentar ao nosso conhecimento, seja em qual for a
esfera.
Assim
eu passo a fazê-lo, doravante no texto que se segue, baseado
noutro(Copa do Mundo no País do Carnaval), escrito a quatro anos
atrás, exatamente quando vivíamos a Copa do Mundo de 2010.
Em
termos de progresso de nosso país, é com tristeza que reconheço
que quase nada mudou. Vamos ao desenrolar dos fatos.
Desde
a Copa Mundial de 2010, quatro anos se passaram. Agora, nós
brasileiros, estamos em situação privilegiada, somos sede do
certame futebolístico mais importante do Planeta! Nos enquadramos
nos rigorosos padrões ditados pela FIFA e temos as mais lindas
arenas! Sim! Arenas, não mais meros estádios de futebol. Templos
absolutos da euforia e das disputas que consagrarão a mais absoluta
das equipes 'boas de bola'. Estamos novamente, num tempo de comoção
nacional e internacional. Nossas ruas estão pintadas de verde e
amarelo, nós estamos vestidos também nas mesmas cores. Todos com o
coração na mão, com os olhos vidrados nos televisores e não se
fala noutro assunto a não ser a Copa do Mundo de Futebol e em
particular, na seleção do Filipão que nos representa no certame.
Seus erros e acertos, na performance dos jogadores e até nas
'fofocas' dos bastidores. Apreensivas, nos dias de jogo da seleção,
pessoas atropelam-se nas ruas. Carros 'voam', velozes, para não se
perder um lance do jogo. Tensão absoluta no trânsito que permitirá
ou não que se chegue ao destino e poder assistir a(s) partida(s) do
dia. A nada se dá mais importância que as possíveis vitórias da
nossa Seleção. Coloca-se toda emoção nos pés daqueles, que num
campo de futebol , entre dibles e passes possam nos trazer o título
de Hexacampeões do Mundo. Sonhamos com ele em 2010, choramos,
enfartamos e até 'morremos' por não tê-lo conquistado. Será que
'desta vez, vai!?' Haja coração!!! Ora, são todos técnicos de
futebol e julgam saber qual a escalação certa e o que deve ser ou
não feito para atingir-se o objetivo maior da vitória e de goleada,
nas partidas. Todos arriscam palpites de placares possíveis, mas
sempre favoráveis ao da nação predileta: Amostra de sentimento
nativista, coisa mais linda de se ver!
Todo
esse amor pela nossa Pátria, me faz, novamente a refletir: Se
canalizássemos uma pequena parte dessa energia para reivindicarmos
de nossos governantes que se fizessem valer os nossos direitos de
cidadãos, a exemplo de uma educação e saúde decentes para o nosso
povo. Gritando nas ruas com a mesma intensidade com se grita
para comemorar um gol, por combate a violência e a
contravenção crescentes que vem dilacerando famílias e destruindo
vidas. Creio que estaríamos numa situação mais privilegiada quanto
a estas questões e a outras a estas relacionadas num Brasil melhor
de se viver e propenso a crescer frente as demais Nações. Exemplo
de um verdadeiro 'Gol de Placa'.
Se
fossem construídos templos de culto a saúde pública e a educação,
mesmo que não suntuosos, nada faraônicos, mas em número
suficiente para atender a demanda da população, como também não
faltassem medicamentos e nem profissionais para atendimento a estes.
Aí sim teríamos motivo de comemorar, pois este seria o mais belo
exemplo de vitória!
Por
ter tido este instante de reflexão, isto não me tenha feito menos
brasileiro que os meus demais compatriotas, maquiados nas cores da
bandeira, a tocar 'vuvuzelas' e a brindar a cada gol da seleção de
heróis com a bola no pé. Pois vale lembrar que além de brasileiro
de nascença também sou BRASILEIRO de nome e me orgulho de sê-lo.
Também vibro com as vitórias vindas do futebol, mas os convido a
refletir e analisar esta ótica, pois tal comoção poderia ser
melhor aproveitada se, pelo menos uma parte dela, se voltassem as
causas sociais que tanto nos afligem. Os bilhões e bilhões gastos
nos preparos para sediarmos a Copa do Mundo de 2014, fossem gastos
para sanar nossas necessidades gritantes. Instalou-se no país um
estado letárgico dos problemas que mais nos afligem, maquiados pelos
furores das partidas de futebol. Acabado o certame, o que nos
restará? Reza a lenda, que ficarão os lucros do comércio e do
setor de serviços a exemplo, além das fabulosas arenas erguidas em
tempo recorde, bem como das melhorias em seus entornos.
Acabado
o desfile de amor patriótico e civilidade ao fundo musical do Hino
Nacional, os olhos novamente se voltarão a nossa triste realidade de
manifestações, protestos, greves de inflação galopante, ou seja,
a realidade brasileira, mesmo que com o Caneco do triunfo numa mão,
mas com a cuia vazia na outra.
Gostaria
de enfatizar que não sou contra a conquista do Hexa, nem tampouco
contra a festa da Copa do Mundo, mas aprendi que devemos festejar
quando dispomos de dinheiro para bancar, livre do capital destinado
as despesas básicas. Despertemos, portanto, para realidade e lutemos
por nossos direitos. Nossa arma? O voto! Juntos, somos fortes, diria
mesmo que imbatíveis! A União faz uma Nação! Olorum, Nosso Pai,
sempre nos acompanhe a cada dia de nossas vidas! Até a próxima
postagem.