No
último dia 27 de janeiro, recebemos com tristeza, a notícia de que
um incêndio, na cidade de Santa Maria/RS havia ceifado centenas de
vidas de jovens universitários numa festa na boate Kiss, fora o
montante de feridos e outros tantos que escaparam da morte nessa
ocasião. Assistimos nos noticiários, depoimentos de parentes das
vítimas, relatando a dor de ter perdido o ente querido, a incerteza
da perda dentre outros tantos dramas que tal tragédia trouxe a
várias famílias.
Destacaram-se,
ainda atos heroicos daqueles que sacrificaram a própria vida no
intuito de pelo menos tentar salvar a vida de outros, conhecidos ou
não, da fatalidade da morte. Tal fato, levou-me a refletir sobre
esta separação tão abrupta desses jovens, até então cheios de
vida e de expectativas futuras de seus entes queridos e mais
especificamente, na dor daqueles que os perderam para sempre nesta
existência. Suponho, que a grande maioria destes, ao vê-los sair
para se divertir, jamais imaginariam que aquela seria a última visão
de que teriam deles. Pensei na dor dos pais que tiveram de reconhecer
o cadáver de seus filhos e posteriormente, levá-los a última
morada. Ou ainda que não fossem filhos, mas parentes que compunham
uma família e que naquele momento terminavam a sua curta estadia no
mundo dos vivos.
Perder
um ente querido significa um dos momentos mais difíceis da
existência humana. A dor da separação daqueles que amamos pode ser
definida de inúmeras formas. Alguns a descrevem como uma dor no
coração indescritível, outros dizem sentir uma sensação de vazio
como se a alma estivesse despedaçada, há aqueles também que custam
a querer acreditar no que aconteceu. O fato é que a dor da perda não
pode ser evitada, mas a maneira de encarar a situação e a
compreensão de que a morte não existe pode ajudar as pessoas a
passarem por este momento doloroso.
A
crença na vida após a morte e que a separação é passageira,
diante da eternidade, traz um grande consolo no momento da partida
daqueles que amamos.O desespero e a revolta diante desta perda podem
prejudicar aqueles que partiram.
Além
da busca do consolo espiritual é preciso aprender a lidar com a
perda do ente querido. Para compreendermos melhor como trabalhar
interiormente esse momento tão difícil e doloroso, o indivíduo que
tem conhecimento da existência da vida após a morte aprende a lidar
muito melhor com a questão da perda de entes queridos, porque tem
uma concepção diferente dos demais, sabe que a perda é apenas
física e transitória. Então, quando a pessoa passa por essa
situação, muitas vezes de uma forma inesperada ou brutal e tem a
crença nos valores espirituais, consegue viver esse período de luto
com maiores condições de enfrentar o distanciamento.
Com
a dor da perda, o psiquismo sofre muitos danos e se existir uma
ligação muito forte entre esses, a pessoa acaba vivendo com um
grande drama. Muitas, até, não conseguem se curar quando perdem
seus entes queridos.
Então,
o que significa esta perda? Em termos práticos, concluímos que não
podemos mais conviver com aquele indivíduo tão significativo. Todos
nós temos pessoas importantes em nossas vidas, mas se estivermos
mais preparados e desenvolvermos o autoconhecimento, aprenderemos a
trabalhar melhor com os momentos difíceis. Muitas vezes existe uma
dependência emocional muito grande entre elas e a perda parece
brutal, até mesmo, desesperadora. Então, uma forma de lidar melhor
com essas situações é a busca da psicoterapia. Por intermédio do
tratamento, acaba entrando em contato com suas potencialidades
internas e desenvolvendo a autoestima, pois em geral, as pessoas
muito dependentes das outras são pessoas que não confiam em si
mesmas.
O
autoconhecimento é uma ajuda para tudo na vida do ser humano, porque
as perdas, as dificuldades e as frustrações existem e vão existir
sempre. Mas a pessoa aprende, dessa maneira, a ter subsídios
emocionais e afetivos suficientes para enfrentar as perdas em geral;
aprende a canalizar o seu amor também para outras pessoas.
Falar,
expressar seus sentimentos pode ajudar muito, mas apenas isso não
resolve totalmente a questão. O tempo também ajuda a pessoa a
enfrentar a situação.
É
importante que aconteça a comunicação, porque o indivíduo muitas
vezes acaba entrando em um estado de isolamento e se distanciar não
é a maneira mais adequada de solucionar o problema. Negar, jamais
deve ser o caminho de resolução de uma questão, e evitar falar é
fugir.
Lidar
com a morte não é nada fácil, porque é conviver com a perda. O
enfrentamento vem a partir do momento em que tentamos aproveitar a
presença de nossos entes queridos enquanto estão conosco,
demonstrando carinho e amor, para quando partirem, não sofrermos
tanto.
Caro
leitor, caso você esteja passando por uma fase de perda de um ente
querido, tente levar sua vida adiante, porque quando ficamos presos
demais à perda, no futuro acabamos tomando conhecimento de que não
vivemos a própria vida e sim, a vida do outro. A vida continua e
devemos levá-la da melhor maneira possível. Perdas e ganhos sempre
haverão: fazem parte do jogo, do Jogo da Vida. Portanto, estejamos
preparados para elas, através do autoconhecimento e da certeza de
que nada é eterno. A paz de Olorum em nossos caminhos! Até a
próxima postagem!