Vivemos
em constante evolução o que nos leva a alcançar , em velocidade
espantosa, conquistas em várias áreas do saber. O que já foi um
dia previsão futurista, hoje é realidade e por vezes até
aperfeiçoada da versão original. Diante disso, como ainda se pode
conceber que conflitos de interpretação e/ou ideologias possam
levar a guerra entre povos. E o que é o mais lastimável... em nome
de Deus!
É
com pesar que devemos reconhecer, ser de responsabilidade das
divergências entre as religiões, e em particular do cristianismo
por esse clima de violência reinante no mundo. Na realidade atual,
das guerras que infestam o mundo, mais da metade tem motivações
religiosas. Em Israel, judeus e islamitas; no sul da India, hindus e
muçulmanos; na Argélia, muçulmanos fundamentalistas contra os
moderados; na Irlanda, protestantes e católicos, etc. As religiões
que deveriam fomentar a Paz, tem sido inspiradoras de violência.
Ao
rever a História, constata-se que foi pior. Quantos crimes se
cometeram em nome de Deus? Em 1572, na famosa “Noite de São
Bartolomeu”, que se prolongou por mais dois dias, os católicos
assassinaram aproximadamente 70.000 pessoas, protestantes ou suspeita
de serem colaboradores. Em Roma, o Papa Gregório XII, celebrou um
culto de ação de graça pelo feito.
Para
a maioria das pessoas, a fidelidade a sua fé se verifica pelo
combate a todos os que professam a fé de modo diferente. No Brasil,
até poucos anos ainda se discriminavam protestantes, e há quem
ainda veja as religiões afro-brasileiras como coisas do demônio.
Quem anda pelo interior do Brasil, percebe a diversidade cultural e
religiosa do povo.
Percebe-se
que as igrejas não se educaram ainda para conviver com esse
pluralismo. Aqui e ali, as guerras religiosas continuam e ainda será
necessário que se estabeleçam as bases para que católicos e
evangélicos (e até mesmo evangélicos entre si), cristãos e
não-cristãos assinem um novo e mais amplo “Tratado de Paz”.
O
fundamentalismo é uma doença que surgiu no cristianismo e hoje se
espalha por todas as religiões do mundo. Os fundamentalistas
acreditam que somente eles interpretam corretamente as Escrituras e
que Deus lhes confiou a missão de salvar a verdadeira religião dos
inimigos que a ameaçam. Foi assim que, no tempo do nazismo, muitos
religiosos sinceros concordaram que se mandassem os judeus, ciganos e
Testemunhas de Jeová para os campos de extermínio.
Cada
vez que, um padre acha que só os católicos têm o direito de
expressar a sua fé, ele está no mesmo caminho da intolerância e da
guerra religiosa. Da mesma forma, quando um pastor durante madrugadas
em programas de televisão se aproveita das fraquezas humanas fazendo
proselitismo, pensa que a fé se transmite aos gritos, e quanto mais
ruidosa a assembléia mais anuncia o Evangelho, corre o risco de
testemunhar um Deus intransigente, completamente oposto ao modo de
Jesus se aproximar das pessoas.
Atualmente,
muita gente sente no coração o desejo de aprofundar uma vida
interior e quer trilhar o caminho da fé. Mas tem dificuldade de
aceitar o peso das estruturas religiosas. A maioria que se engaja
numa igreja, o faz porque sabe que precisa do apoio de uma comunidade
para viver a sua fé, e avançar no caminho de Deus.
Mas
de fato, a espiritualidade, ou seja, uma vida inspirada e conduzida
pelo Espírito de Deus existe em todas as religiões e pode se
desenvolver também para além de qualquer uma delas, pois não
depende das estruturas humanas, mas da busca perseverante desse Deus
de Paz.
Deus
não assinou contrato de exclusividade com nenhum grupo e nem é
prioridade de ninguém. A Bíblia revela que “o Eterno habita numa
luz inacessível e a Ele homem algum jamais viu, nem é capaz de ver”
(I Tm. 6:16). Por outro lado, afirma que “Deus é amor e toda
pessoa que ama, conhece a Deus e vive com Ele” (I Jo. 4:16).
Deus
é mistério. O que as religiões dizem e ensinam sobre Deus, é uma
aproximação parcial. Jesus só falou do Pai e do Reino de Deus em
parábolas. Por isso, precisamos ter humildade no modo de falar de
Deus. Não somos donos dele. Se formos amorosos e humildes, Ele é
quem nos possui. Estamos todos no caminho escuro da fé.
A
Bíblia é para os que nela crê, “uma lâmpada que brilha num
lugar escuro, até que o dia clareie e o sol brilhe direto em nossos
corações” (II Pe. 1:19).
Deus
quis assim: a sua própria Palavra, que é Luz para os nossos
caminhos e alegria para o nosso coração. É também uma palavra
humana e, por isso, limitada, como cremos que o Filho de Deus se fez
carne em Jesus, com limitações humanas.
O
Evangelho conta que Jesus elogiou a fé confiante da mulher fenícia,
que ao que tudo indica, tinha uma religião diferente da judaica, na
qual Ele, Jesus, foi educado. O Senhor aceitou curar o servo do
oficial romano de Cafernaum, encontrou a mulher samaritana, inimigos
de Israel, e disse a ela, que mesmo que a salvação vinha dos
judeus, chegou a hora em que o culto de Deus não ficaria restrito
nem em Jerusalém nem em Samaria, pois “Deus é espírito, e
convinha que seus adoradores o adorassem em espírito e em verdade”
(Jó. 4:24).
De
fato, tanto no mundo como no interior dos templos, onde Deus se
revela, as armas de guerra são transformadas em foices e enxadas
para lavrar a terra e produzir frutos. Hoje, os líderes das
religiões e ministros das igrejas cristãs, como também o papa,
insistem: “Nenhuma guerra é santa ou justa. Só a paz é um
caminho justo para a humanidade. Príncipe da paz é um dos nomes dos
cinco Anjos enviado para salvar os homens” (Is. 9:6). Pois, são
oito Príncipes no total II Ped. 1; 5, 6 e 7.
Olorum
é sinônimo de Paz, harmonia e o amor o seu símbolo maior. Ele está
presente no coração de todo ser que praticar o bem ao seu
semelhante e amá-lo acima de todas as coisas. Logo, num mundo tão
evoluído nas ciências é inconcebível se guerrear em nome daquele
que é puro amor e comunhão, que por divergências de ideias se
derrame sangue de inocentes. Seja uma semente da Paz que tem como
solo fecundo o coração do seu próximo: esta é a forma de ser um
representante de Deus, seja qual for a sua religião.
A
Paz de Olorum com todos! Até a próxima postagem!